terça-feira, 23 de julho de 2013

Inês
E de quem poderia ser mais?
Eliane
Mas você queria o que, que ela continuasse te acolhendo? Você não respeitava mais ninguém!
Inês
Vai começar a ladainha é?
Eliane
Mas é verdade cara! Você estava roubando o dinheiro dos seus pais para comprar droga!
Todos tentavam te ajudar e você achava que eles eram os seus inimigos! O teu pai tentou botar
você numa clínica particular para dependente químico, e você simplesmente fugiu de lá!
Inês
Eu vou te contar um segredo, meu pai foi morto por um cara que transava comigo.
Eliane
Que é isso cara!
Inês
Ele ficou puto por meu pai ter me internado naquela clínica, e então foi lá no táxi dele, roubou ele e depois matou. Mas também não sobreviveu por muito tempo – semana passada, foi morto
por policial quando tentava roubar uma mansão na Barra da Tijuca!
Eliane
Isso só vem a comprovar que o crime não compensa!
Inês
Você me fez lembrar uma frase de um caminhão de estrada:
Não existe crime perfeito porque o crime é imperfeito!”
Narrador
A atenção das duas nesse instante se volta para um senhor que se ajoelhava junto de um túmulo e que chorava baixinho.
Zebulom
Me perdoe filho... Eu fui um idiota!
Narrador
Senhor Zebulom, após remover a terra, perto da cruz, deposita um envelope e em seguida se retira de cabeça baixa; não percebendo que estava sendo observado.
Eliane
Não é o senhor Zebulom, que perdeu o filho?
Inês
Dizem que ele ficou meio perturbado depois que o Jônatas se enforcou! Vai lá, vê o que ele enterrou!
Narrador
Eliane a princípio, recusou o pedido de Inês, más diante de sua insistência, resolveu desenterrar o envelope.
Eliane
É só uma carta!
Inês
Porra! Pensei que fosse algum dinheiro... Me dá aqui, vamos ver o que está escrito! Chi, é a carta do filho dele...
Jônatas
Papai,
Quando você tomar conhecimento dessa carta, eu já não estarei mais vivo.
Sei que você não entenderia se eu simplesmente me enforcasse, porque você sempre me elogiou, dizendo que sentia um grande orgulho de mim. Que graças a Deus, sabia que
tinha um filho macho. (610)

Nenhum comentário: